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3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi composta, inicialmente, por quinze alunos que frequentaram o curso, dos 30 matriculados. Dentre o total de matriculados, quinze se evadiram, correspondendo a 50%, portanto, metade dos alunos. Dos quinze participantes do curso e que realizaram a prova final – última avaliação e última etapa do curso, aos quais foi enviado o questionário, 10 responderam, totalizando 66,66%.

As três primeiras perguntas do questionário eram fechadas. A primeira delas questionou se o aluno já havia realizado um curso a distância, e 80% dos respondentes afirmaram que sim. A questão seguinte inquiriu como o aluno classificou a experiência de aprendizagem no primeiro módulo. Entre as opções de resposta para esta questão fechada estavam satisfatória ou insatisfatória. Dos respondentes, 80% afirmaram que a experiência foi satisfatória. A terceira questão inquiriu sobre a aprendizagem, e as opções de resposta foram que o aluno considerou que aprendeu muito, pouco, ou quase nada. Dos respondentes, 70% considerou que aprendeu muito, 30% considerou que aprendeu pouco, e não houve respondentes que optaram por quase nada.

As duas últimas questões eram abertas, e a quarta pediu aos alunos que relacionassem suas dificuldades durante o primeiro módulo do curso. Entre as respostas que os alunos listaram, podemos verificar as seguintes transcrições:

O uso do sistema moodle;

[...]

Algumas atividades com as respostas diferentes do que a questão pedia [...] e a falta dos livros impressos para poder estudar a qualquer hora;

[...]

[...] estudar mais, pesquisar mais e parar de reclamar e dizer que não teve tempo. Tive as melhores opções, mas poderia ter sido mais incisivo;

[...]

Minhas dificuldades foram na fala. Ainda há muito o que aprender.

[...]

Datas erradas para entrega das atividades, e a grande quantidade de erros no conteúdo online inclusive nas avaliações.

[...]

Informações desencontradas no site e erros na apostila e no sistema moodle.

[...]

Atividades e exercícios confusos;

[...]

Saber de quais regiões eram certas palavras; problemas com comunicação (ajuda); problemas com o acesso de atividades.

[...]

Pouco tempo para estudar.

As dificuldades no uso da Plataforma Moodle foram relatadas pelo contingente de alunos que ainda não havia realizado algum curso a distância. Embora a Plataforma seja largamente utilizada, principalmente por Universidades e Institutos Federais, o primeiro contato com o sistema pode ser difícil para alguns alunos. Entretanto, como a utilização de qualquer sistema, precisa de prática e dedicação, o que se pode inferir que não houve por parte de alguns alunos, ao afirmarem que tinham pouco tempo para estudar. Além disso, percebeu-se que a maioria dos alunos tinha pouco tempo de acesso nos registros da Plataforma Moodle, o que realmente impede que as dificuldades sejam sanadas pelo uso. Como este aspecto não fazia parte dos objetivos relacionados no início do desenvolvimento da pesquisa, não foi dado tratamento estatístico.

A menção de “algumas atividades com as respostas diferentes do que a questão pedia [...]”, “grande quantidade de erros no conteúdo online inclusive nas avaliações” e “Informações desencontradas no site e erros na apostila e no sistema moodle”, além de “Atividades e exercícios confusos” referiam-se a inconsistências nas atividades. Estes problemas foram sanados na medida em que o curso ocorria e, em razão de ser oferecido para todos os polos ao mesmo tempo e demandar intervenção do sistema central da instituição, tomou alguns dias até que fosse devidamente resolvido. Estas respostas dos alunos corroboram o que afirma Belloni (2001), quando aponta que o aluno é um sujeito ativo; e a afirmação de Peters (2001), ao pontuar que os alunos são autônomos.

Ao mencionarem “pouco tempo para estudar” e “estudar mais, pesquisar mais e parar de reclamar e dizer que não teve tempo”, e que as melhores opções foram ofertadas, mas poderia[m] ter sido mais incisivo[s]”, e que “há muito o que aprender”, os alunos demonstram relacionar com problemas para conciliar o estudo às atividades pessoais, e reconhecem a necessidade de mais dedicação. Assim, novamente é possível ancorar-nos nas afirmações de Peters (2001), quando o autor pontua que eles reconhecem suas necessidades de estudo e conduzem e avaliam seu processo de aprendizagem

A questão final pediu sugestões para melhorar o curso. Apenas cinco dos respondentes preencheram esta questão, e as sugestões seguem transcritas abaixo:

Ter aulas de conversação. Inclusive uma online com vídeos tipo webconferência.

[...]

Entrega dos materiais no prazo correto e material online correto para que não confunda quem estiver aprendendo.

[...]

Melhoria no sistema moodle.

[...]

Revisão para resolver os exercícios e atividades

[...]

Representar o sotaque de cada região; ter mais conversação.

Estas sugestões refletem a avaliação que os alunos fizeram não apenas do curso, mas das próprias necessidades de aprendizagem. A particularidade de ser uma língua estrangeira apontou para exercícios de conversação, que eram realizados apenas nos encontros presenciais. Embora houvesse a possibilidade de os alunos estudarem em laboratório disponibilizado pelo curso durante um período por semana, com tutor presencial disponível, apenas dois dos quinze alunos eram assíduos. Estes tiravam suas dúvidas com a tutora e pediam auxílio no uso da Plataforma e para a compreensão dos exercícios propostos. Por se tratar de um curso a distância, a maioria dos alunos não frequentava assiduamente o polo, apenas durante as atividades obrigatórias. Por esta razão houve a sugestão de aulas de conversação por web conferências.

A entrega do material, mencionada pelos alunos, que não ocorreu nos prazos previstos e, inclusive, a segunda e terceira partes do material impresso nunca chegaram a ser produzidas, foi reflexo do corte de verbas federais que ocorreu no período em que o curso estava em andamento.

As respostas do questionário permitem inferir que o curso atingiu o objetivo pedagógico, pois 4/5 (quatro quintos) dos alunos afirmaram que este não foi o primeiro curso a distância que realizaram, mas este mesmo quantitativo qualificou a experiência como satisfatória.

O fato de 30% dos alunos terem afirmado que aprenderam pouco pode ser considerado uma particularidade, já que havia alunos nativos de língua espanhola na turma, e discentes com experiência e nível de espanhol mais alto que o oferecido pelo curso. Também era o único nível oferecido no polo e não havia nivelamento ou opção para cursar outros níveis. Assim, estes alunos poderiam realmente ter aprendido mais, considerando seu ponto de partida de aprendizado estar além dos outros 70%.

Com relação às dificuldades enfrentadas pelos alunos, problemas com o sistema Moodle realmente existiram, como modificação de datas e desconfiguração de atividades, como foi constatado durante as aulas presenciais e nas aulas em que a tutora presencial esteve à disposição dos alunos.

Atividades com respostas diferentes do que se considera correto também foram constatadas, e os fatos foram informados para a tutora a distância, para que chegasse a outras instâncias e as providências fossem tomadas. Estes fatos também foram comentados em fórum dos tutores, com o mesmo objetivo.

Os próprios alunos reconheceram que sua dedicação esteve aquém do necessário, que os maiores problemas são na fala e que ainda há um caminho a percorrer.

Também ficou claro que gostariam de utilizar o material impresso, pois receberam apenas o primeiro dos três livros. Também se percebeu que o tempo de uso de um computador com conexão à internet não ocorre com tanta facilidade, por parte dos alunos. Estes dados ficam disponibilizados pelo sistema Moodle, e podem ser acessados pela equipe de ensino, composta por tutores, professores e coordenadores.

Os problemas com a comunicação podem ter ocorrido por questões de adaptação, já que nem todos utilizaram todos os recursos oferecidos pelo Moodle, e também deixaram de realizar parte das atividades.

O que se percebe, entre as sugestões para melhorias no curso, é uma subutilização dos recursos. Havia uma tutora presencial à disposição dos alunos, mas poucos deles aproveitavam sua presença e o espaço no câmpus. Das cinco sugestões, três já estavam à disposição dos alunos. As melhorias no Moodle a que os respondentes se referiram podem ser entendidas como os problemas considerados técnicos ocorridos no primeiro módulo, como a configuração de respostas inadequadas; já a entrega de material impresso depende de recursos federais.

Quanto ao índice de evasão, este chegou a 50% dos matriculados, o que configura metade da turma esperada. Destes alunos, 30% formalizaram suas matrículas, mas nunca acessaram o sistema. As razões para evasão não foram pesquisadas em função da dificuldade de contato com os alunos, mas é um fator de extrema importância para a Educação a Distância. Ao considerar os investimentos escassos na Educação como um todo em nosso país, o fato de haver um curso disponível, em andamento, do qual metade dos matriculados se evade e não há possibilidade de preencher estas vagas configura pouco aproveitamento dos recursos disponíveis, tão preciosos em todos os períodos, mas principalmente em tempos de recessão econômica.

Quanto ao índice de reprovação, este atingiu 25%, considerado bastante alto em nossa avaliação, correspondendo a ¼ (um quarto) dos alunos. Contudo, um olhar mais aprofundado revela que os alunos que não atingiram a média mínima conseguem se comunicar verbalmente, dentro do esperado para o nível de ensino cursado, mas as avaliações tinham maior peso na parte escrita. Este dado corrobora a própria impressão dos alunos, de que faltou dedicação e estudo, apresentada nas respostas transcritas.

Contudo, consideramos que o módulo I atingiu seus objetivos, dentro das especificidades apresentadas pelos alunos, já que 75% daqueles que realizaram a prova, independentemente de sua assiduidade nas atividades, conseguiram atingir a média mínima esperada para aprovação.