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1 | INTRODUÇÃO

As instituições de ensino superior como um espaço de produção de conhecimento, de disseminação e investigação, apresentam-se como um centro significativo na formação de educadores ambientais, principalmente se considerarmos o enfrentamento dos problemas socioambientais da sociedade atual (MORALES, 2007).

Partindo deste pressuposto e da Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, que estabelece a inserção da referida temática em todos os níveis de ensino, Marcomin e Silva (2009) discutem a necessidade da comunidade acadêmica abarcar a temática nas disciplinas e práticas.

Nesta perspectiva, Thomaz e Camargo (2013) consideram fundamental desenvolver a educação ambiental na formação inicial de professores, pois os autores a percebem como contribuição e estímulo à capacidade crítica de cidadãos, no sentido de favorecer a sua situação de protagonista das transformações individuais e coletivas no meio natural e social em que vivem.

Silva e De Goes Pereira (2015) ao discutir a obrigatoriedade da dimensão ambiental em todos os níveis e modalidades da educação entendem que o ensino superior possui um espaço de destaque, por ser um ambiente de formação de cidadão e de diversos profissionais que atuarão nas diversas áreas da sociedade. Dessa forma, ao apresentar os resultados consideram que a temática ambiental está sendo desenvolvida de modo incipiente visto que: são introduzidos esporadicamente em alguns componentes curriculares, frequentemente são abordados de modo fragmentado, descontextualizados, reducionista e dissociados dos aspectos específicos dos cursos e componentes curriculares.

Diante do exposto e, pensando na discussão da temática socioambiental na formação inicial dos professores de Educação Física, o presente estudo configurou-se a partir da complementaridade entre dois campos do saber: Ensino e Meio Ambiente. Primeiro, o ensino porque procurou discutir como se desenvolveu a construção dos conhecimentos entre professores, estudantes (atores humanos) e os recursos digitais tecnológicos Edmodo, artigos científicos, leis, visitas técnicas (atores não-humanos) para a tecitura de conhecimentos em rede.

Os atores humanos e não-humanos, neste estudo, são concebidos na ótica da teoria ator-rede (TAR) incluindo a antropologia simétrica: “O postulado essencial de Latour está em considerar equanimente humanos e não-humanos, tratando de maneira rigorosamente simétrica o social, a natureza e o discurso” (BACHUR, 2016, p. 2).

Latour (2000) pressupõe que não há hierarquia entre os homens e as coisas, entre os humanos e os não-humanos, uma vez que estes últimos só podem ser pensados em sua relação com os primeiros. Nesse sentido existe uma rede complexa interligando os humanos, os seus objetivos e os meios técnicos utilizados para atingi-los.

Diante deste contexto, ao acompanhar e descrever as redes de conhecimentos que produziram uma possível educação socioambientallançamos as seguintes questões:Como se constituem as redes sociotécnicas na tecitura dos conhecimentos em educação socioambiental? Quais as controvérsias oriundas destas redes de atores humanos e não-humanos?

Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa se configurou da seguinte forma: Descrever a tecitura de conhecimentos dos estudantes sobre educação socioambiental na disciplina Tópicos Especiais - Esportes de Aventura no Curso de Graduação em Educação Física do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) especificamente por meio da inserção do recurso digital Edmodo. As ações específicas do projeto constituíram-se a partir dos seguintes objetivos: Investigar as narrativas sobre as relações e as associações de aprendizagem dos atores – humanos e não-humanos – por meio do ambiente digital de aprendizagem Edmodo.