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4 | FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS PARA UTILIZAÇÃO DE TDIC

As TDIC, ao se disseminarem na sociedade, criaram uma nova forma de cultura, a cibercultura ou cultura digital (LÉVY, 2010). Computadores, smartphones e tablets são exemplos de tecnologias digitais que permitem desenvolver e/ou utilizar a multimídia. Com esta, os PEB podem criar situações didáticas que sejam dinâmicas, interativas e que superem os limites da sala de aula convencional. A cibercultura redimensiona o papel da escola e do docente ao demandar novos perfis de estudante e de professor capazes de utilizar as TDIC para se comunicar, assimilar e produzir conhecimento (LÉVY, 2010).

É interessante que a formação docente inicial possibilite o domínio teórico e técnico referente às TDIC. As Licenciaturas, no entanto, não devem negligenciar um aspecto significativo deste contexto: o desenvolvimento de competências didático-pedagógicas que favoreçam a utilização crítica e dinâmica de TDIC na sala de aula (PERRENOUD, 2000). Imbernón (2011, p. 43) ainda afirma que:

O tipo de formação inicial que os professores costumam receber não oferece preparo suficiente para aplicar uma nova metodologia, nem para aplicar métodos desenvolvidos teoricamente na prática de sala de aula. Além disso, não se tem a menor informação sobre como desenvolver, implantar e avaliar processos de mudança.

Ribeiro, Oliveira e Mill (2013, 156-7) destacam que “o referido modelo de formação docente passa de meramente ineficaz a particularmente danoso”. Ao limitar o desenvolvimento de habilidades à mera utilização técnica de TDIC, a formação docente tradicional pode dificultar ou impossibilitar o progresso da Educação no contexto da cibercultura. Tobón (2006) define as habilidades como processos mediante os quais o sujeito realiza atividades específicas para alcançar resultados precisos.

No aspecto didático, os docentes podem utilizar as tecnologias como ferramentas que potencializem as situações de aprendizagem e a interação. Já no âmbito pedagógico, os professores podem utilizar TDIC como auxiliares dos processos de planejamento do ensino, avaliação e registro.

Para que os futuros docentes desenvolvam competências e habilidades didático-pedagógicas para utilizar TDIC, os cursos de Licenciatura talvez necessitem se reestruturar. Situações de ensino-aprendizagem mediadas por recursos tecnológicos podem ser vivenciadas pelos estudantes de Licenciaturas presenciais ou a distância (RIBEIRO; OLIVEIRA; MILL, 2013). Tais experiências criam um repertório de ações que poderá ser utilizado pelo futuro professor.

Em Licenciaturas na modalidade a distância, os estudantes podem experimentar recursos tecnológicos que favoreçam a interação, a colaboração e a construção de conhecimentos de forma autônoma. Os graduandos devem ser orientados a refletir sobre os próprios processos de aprendizagem mediados por TDIC, pois esta reflexão pode não ocorrer espontaneamente. Tais experiências podem facilitar o desenvolvimento de competências didático-pedagógicas para a utilização de tecnologias digitais. Além disso, ampliar-se-iam as possibilidades de utilização de TDIC porque os graduandos aplicariam no exercício profissional, com maior propriedade, o que vivenciaram enquanto alunos, na concepção de Imbernón (2011).

Estudantes de Licenciaturas presenciais também necessitam vivenciar experiências de aprendizagem mediadas por TDIC. Os projetos pedagógicos dos cursos podem incluir esta questão de forma transversal em todo o currículo. Não basta restringir tais experiências a algumas disciplinas dos cursos presenciais que pertençam ao núcleo dos 20% a distância previstos na Portaria do Ministério da Educação nº 1.134, de 10 de outubro de 2016. Seria possível, desta forma, incluir o desenvolvimento de competências tecnológicas nas disciplinas do currículo de forma a naturalizar a utilização de TDIC.

A pesquisa científica sobre metodologias ativas e possibilidades de utilização didático-pedagógica de TDIC é outro viés da formação docente inicial. Conforme Imbernón (2011), o modelo de ensino-aprendizagem por pesquisa na graduação envolve o futuro docente na resolução de problemas. Assim, é possível desenvolver a autonomia intelectual e profissional a partir da pesquisa, construção de conhecimentos e proposição de inovações referentes à prática didático-pedagógica com TDIC na Educação Básica.

Pimentel e Pontuschka (2014, p. 73) investigam a centralidade do Estágio Curricular Supervisionado na formação docente. Segundo as autoras:

Durante o curso de graduação começam a ser construídos os saberes, as habilidades, posturas e atitudes que formam o profissional. Em períodos de estágio, esses conhecimentos são ressignificados pelo aluno estagiário a partir de suas experiências pessoais em contato direto com o campo de trabalho que, ao longo da vida profissional, vão sendo reconstruídos no exercício da profissão.

O Estágio Curricular Supervisionado é um momento importante de aplicação e desenvolvimento de competências necessárias ao exercício profissional com TDIC. Os conhecimentos teóricos construídos durante as atividades de ensino e pesquisa na graduação devem embasar as observações e intervenções propostas pelo aspirante à carreira de professor. Trata-se, na verdade, de ensaiar propostas de inovação educacional com tecnologias a partir de uma verdadeira Didática das TDIC.