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1 | INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o uso de tecnologias digitais no ensino de línguas estrangeiras, favorecido pelo advento da Internet, tem se destacado. Conforme Luna e Schaefer (no prelo), os recursos da Internet têm se mostrado como possibilidades de desenvolvimento linguístico.

Segundo O’Dowd (2013) “uma das principais contribuições da Internet para o ensino de língua estrangeira tem sido o seu potencial para proporcionar aos aprendizes de línguas um contato virtual com membros de outras culturas e com falantes de outras línguas” (p.123, tradução nossa). Dentre várias maneiras de possibilitar o referido contato, uma delas é através da telecolaboração, definida por O’Dowd (2013) como “a aplicação de ferramentas de comunicação on-line para encontro de aprendizes de línguas em locais geograficamente distantes para desenvolver suas habilidades em língua estrangeira e sua competência intercultural através de tarefas colaborativas e trabalho de projeto” (p.123, tradução nossa).

O’Dowd (2003) afirma que os aprendizes, por meio de atividades em ambientes telecolaborativos, podem “refletir criticamente sobre sua própria cultura mediante perguntas feitas pelos seus parceiros” (p. 134, tradução nossa). De tal modo, o interesse do professor de línguas pode recair não só no desenvolvimento linguístico dos alunos, mas também na promoção do entendimento intercultural. Sobre isso, O’Dowd (2006) enfatiza que:

Além de conhecimento e interesse por outras culturas, a interação intercultural eficaz inclui as habilidades de ser capaz de descobrir e entender o significado simbólico que é atribuído ao comportamento em diferentes culturas. Envolve também a consciência de que a sua própria maneira de ver o mundo não é natural ou normal, mas culturalmente determinada. (p. 86, tradução nossa, grifos do autor).

Embora autores como Lewis e O’Dowd (2016), Kramsch e Thorne (2002) e Ware e Kramsch (2005) ressaltem que o desenvolvimento da compreensão intercultural nos espaços online tem recebido relativamente pouca atenção, há modelos e projetos de telecolaboração que de fato incorporam a abordagem intercultural em suas atividades. Portanto, este estudo, o qual se encontra em desenvolvimento, tem dois objetivos: 1) apresentar três modelos de telecolaboração que visam à promoção do entendimento intercultural dos aprendizes de língua estrangeira no Ensino Superior e; 2) mostrar como pretendemos, no semestre seguinte, aplicar atividades telecolaborativas em aulas do Ensino Superior. Na próxima seção, apresentamos o arcabouço teórico assim como exemplos de modelos telecolaborativos.