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4 | CONSIDERAÇÕES PONTUAIS

Em uma pesquisa em que utilizamos a TAR como arcabouço teórico metodológico não nos parece ser coerente falar em considerações finais. Cientes da constante, pulsativa e onipresente rede sociotécnica de associações entre humanos e não-humanos que agem o tempo todo sem cessar, podemos, no mínimo, falar de considerações pontuais, mas nunca finais.

Observamos, inicialmente, por meio de conversas em aulas presenciais, que havia dificuldades para acessar o ambiente e, essas, como foram detectadas, eram causadas pelo desconhecimento em relação ao Edmodo. Corrigida essa questão, os recursos compartilhados (atividades, vídeos e textos) propostos no Edmodo, inicialmente, obtiveram ótima participação. Lentamente, conforme as associações aconteciam, lançando as atividades e convidando os estudantes a participarem, as interações foram aumentando em quantidade e em qualidade. As associações eram estimuladas para que ocorressem entre os próprios estudantes, visando a promover um ambiente cooperativo, no qual todos se sentissem em liberdade de perguntar, trocar, postar materiais, indicar referências, etc.

Atores humanos e não-humanos por meio de associações multilineares teceram conhecimentos em rede que emergiram de forma significativa quando valorizados os conhecimentos de cada enredado bem como a consideração de que cada actante era apto a produzir movimento à teia. À medida que os movimentos foram percebidos, a tecitura de conhecimento foi sendo articulada e tomou caminhos impossíveis de serem previstos.

Ao descrever as narrativas produzidas a partir de duas atividades propostas no ambiente digital Edmodo, amparados pela TAR e pela noção do conhecimento em rede, podemos sugerir que pode ser possível um afastamento do paradigma arbóreo da aprendizagem que solidifica a idealização de fonte única do conhecimento, ao mesmo tempo em que nos aproximamos da ideia rizomática de entrelaçamentos de saberesefazeres dos atores da rede sociotécnica viabilizando uma experiência em um processo ensinoaprendizagem.

Movimentos percebidos a partir da ação dos estudantes, do ambiente digital Edmodo, das leis, dos textos, das visitas técnicas, do debate presencial, da roda de conversa, dos vídeos propostos, das intervenções do professor, da ação do PPC do curso entre outros, provocaram um entrelaçamento que, do ponto de vista individual, valorizou a rede de saberes de cada um e do ponto de vista global, produziu enredamentos que notadamente representaram a tecitura de conhecimento em rede.

A TAR também nos fez perceber o rompimento com a ideia de níveis, classes, categorias ou camadas em que o paradigma moderno apoia-se para reproduzir o modelo hegemônico de acesso ao conhecimento e, nos aproximou da possibilidade de termos o macro e o micro nivelados no mesmo plano e interagindo em prol dos entrelaçamentos da rede sociotécnica.

A partir da descrição das narrativas dos atores humanos e não-humanos e da percepção dos movimentos constituidores da tecitura dos conhecimentos em rede com a devida ajuda dos amparos advindos da TAR, podemos concluir também a importância da percepção de que a insustentabilidade do modelo econômico social dominante se faz explícita no quadro da problemática ambiental.

Este estudo sinaliza na direção de um maior aprofundamento nas discussões e reflexões acerca de uma Educação Ambiental política, justa, igualitária, emancipatória e participativa na formação do profissional de Educação Física. Numa expectação por meio de uma rede de conhecimentos, surge a sugestão de um produto na forma de um curso de extensão com a proposta de colaborar na formação inicial desse profissional no tocante às discussões e reflexões supracitadas e aos saberesefazeres ambientais.