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2 | ELEMENTOS QUE DEVEM COMPOR NOSSA PROPOSTA TEÓRICOMETODOLÓGICA PARA O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

2.1 Aprendizagem de acordo com os interesses e as necessidades dos alunos

Como vimos, um dos princípios norteadores do teletandem é autonomia. Em consonância com esse princípio, por não existir necessariamente a determinação de um tópico a ser discutido por um professor, por exemplo, os próprios alunos podem selecionar os assuntos que querem debater e inclusive a forma como pretendem conversar e lidar com esses assuntos. Isso também permite dizer que, contrariamente a contextos de ensino e aprendizagem de LE em que os conteúdos e temas são propostos, por exemplo, pelos livros didáticos, os quais nem sempre despertam motivação, os alunos próprios podem decidir por temas com os quais têm maior identificação e que estejam em conformidade com seus reais interesses e necessidades.

Atrelado à visão de ensino como disciplina, modalidade explicitada na Introdução, não raras as vezes os alunos do Ensino Regular Básico buscam uma escola especializada no intuito de encontrar condições que vão ao encontro de seus reais interesses ou à sua necessidade como aprendiz de línguas. Diante disso, em sintonia com o contexto do teletandem, o que está coerente com a visão de ensino como atividade, os alunos podem eles próprios optar pelos assuntos que desejam debater. Outra possibilidade é o aluno da escola brasileira sugerir ao seu parceiro da escola estrangeira um assunto linguístico específico ou um aspecto cultural referente ao país de seu parceiro (a). Nesse caso, as sessões online se desenvolveriam a partir de uma necessidade ou interesse por parte do próprio(a) aluno(a).

2.2 Possibilidade de introduzir uma abordagem intercultural

Em primeiro lugar, existe a possibilidade de lidar com assuntos interculturais por meio da telecolaboração (BELZ, 2002). Portanto, em função do contato com alunos de outros países e culturas, o qual pode ser proporcionado através do desenvolvimento de atividades telecolaborativas, o encontro intercultural nessas circunstâncias é real.

Apesar de reconhecermos a necessidade de abordagem comunicativa no ensino de línguas do Ensino Regular Básico, pressupomos que ela não seja suficiente para a formação integral do aprendiz em razão de que, de acordo com Hanna (2015), a abordagem intercultural também deve ser adotada. De acordo com a autora, “ao mover-se de uma cultura para outra o aprendiz de línguas se transforma num “aprendiz intercultural”, e, como tal, necessitará de uma abordagem intercultural em seu aprendizado” (p. 2, ênfase da autora).

Dentro da perspectiva de ensino de línguas como atividade, os resultados do estudo de O’Dowd (2006) ajudam a corroborar o nosso argumento de que atividades telecolaborativas podem ser convenientes para a inclusão de uma abordagem intercultural. Em seu estudo, o autor constatou que a utilização de videoconferência para o desenvolvimento de um projeto telecolaborativo num país europeu favoreceu a aprendizagem intercultural de seus alunos universitários, dado que eles puderam levantar questionamentos e esclarecer dúvidas voltadas a questões culturais do outro país.

2.3 Oportunidade de praticar oralmente a LE

Visto que para Leone e Telles (2016) no teletandem dois alunos ajudam o parceiro(a) a aprender a sua língua (nativa ou outra) por meio de colaboração sincrônica online, por exemplo, o Skype, é possível perceber como esse contexto telecolaborativo pode propiciar uma prática significativa da LE. Evidentemente, conforme já foi explicado, um dos princípios norteadores do teletandem é a separação de língua (VASSALLO; TELLES, 2006), ou seja, a prática de cada um dos dois idiomas em quantidade iguais de tempo. Por exemplo, em uma sessão com duração de uma hora, trinta minutos em português e trinta minutos em inglês.

Num modelo de telecolaboração como o teletandem, é possível dar a oportunidade para todos os alunos praticarem a LE oralmente. É possível, do mesmo modo, ampliar formas de prática da língua, por exemplo, o aluno da escola brasileira pode sugerir com seu parceiro(a) da escola estrangeira um horário extraclasse para um encontro online.