Capítulo 9
AÇÃO DOCENTE DIANTE DAS PRÁTICAS COM MESAS EDUCACIONAIS INTERATIVAS Juliana Aparecida da Silva Alves Patrícia Smith Cavalcante DOI 10.22533/at.ed.7531918049
- RESUMO | ABSTRACT
- 1 | INTRODUÇÃO
- 2 | METODOLOGIA
- 3 | ANÁLISE DE RESULTADOS
- 4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
- REFERÊNCIAS
RESUMO | ABSTRACT
RESUMO: Este estudo faz parte da dissertação de mestrado da Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica-EDUMATEC da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, intitulada ”Conflito cognitivo docente nas relações didáticas com a Mesa Educacional Alfabeto”. Apontamos resultados iniciais da revisão de literatura sobre ação docente com mesas educacionais interativas. A pergunta norteadora neste estudo foi: quais ações foram desenvolvidas com mesas educacionais interativas até o momento? Focamos na identificação dos contextos, das estratégias e dos desafios com o uso dessas ferramentas. Para a busca de dados usamos como palavraschave: “mesa alfabeto e aprendizagem”, “mesas educacionais interativas” na base de dados em repositórios de teses e dissertações e revistas acadêmicas. Realizamos uma análise qualitativa dos materiais encontrados e a discussão teórica foi abordada tendências com as mesas educacionais interativas. Os principais resultados encontrados são temáticas recorrentes sobre o uso da ferramenta. Assim, identificamos contextos escolares e não escolar; estratégia didática com sequências de ensino específicas e desafios na formação docente para o uso da mesa. Concluímos que as ações desenvolvidas até o momento precisam de um amadurecimento especial focando nas iniciativas para a formação docente para o uso das mesas no cotidiano da sala de aula.
ABSTRACT: This study is part of the master’s thesis of the Post-graduation in Mathematical and Technological Education-EDUMATEC, Federal University of Pernambuco-UFPE, entitled “Cognitive Conflict Teachers in Educational Relationships with the Alphabet Educational Table”. We point out initial results of the literature review on teacher action with interactive educational tables. The guiding question in this study was: what actions have been developed with interactive educational tables so far? We focus on identifying contexts, strategies and challenges with the use of these tools. To search for data we use as keywords: “alphabet table and learning”, “interactive educational tables” in the database in thesis repositories and dissertations and academic journals. We conducted a qualitative analysis of the materials found and the theoretical discussion was adderssed trends with the interactive educational tables. The main results are recurrent themes about the use of the tool. Thus, we identified school contexts and not school; didactic strategy with specific teaching sequences and challenges in teacher training for table use. We conclude that the actions developed so far need a special maturation focusing on initiatives for teacher training for the use of the tables in the classroom everyday.
1 | INTRODUÇÃO
Diante da pesquisa realizada com Mesas Educacionais Interativas em espaços de aprendizagem verificamos ações apontadas em dissertações e artigos acadêmicos com esses artefatos. O objetivo deste trabalho é apresentar resultados parciais dos primeiros dados encontrados na revisão de literatura sobre ação docente com mesas educacionais interativas em cenário nacional. Este estudo faz parte da dissertação de mestrado da Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica-EDUMATEC da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, intitulada ”Conflito cognitivo docente nas relações didáticas com a Mesa Educacional Alfabeto”. A pergunta norteadora neste estudo foi: quais ações foram desenvolvidas com mesas educacionais interativas encontradas até o momento? Foram filtrados registros a partir de 2010 em alguns estados: Minas Gerais-MG, Paraná-PR, Rio Grande do Sul-RS, Rio Grande do NorteRN, Pernambuco-PE e Amazonas-AM. Caracterizamos alguns contextos onde são utilizadas as ferramentas, mostraremos as estratégias e os desafios com o uso das mesas educacionais interativas encontradas até o momento.
Todas as referências que irão ser abordadas são oriundas dos dados encontrados nas publicações de trabalhos científicos. Alguns tipos de mesas interativas surgem no cenário nacional e vêm sendo adotadas por programas educacionais municipais. O quadro 1 apresenta os diversos tipos de mesas encontradas.
Quadro 1. Tipos de mesas educacionais interativas encontradas
Imagens retiradas nos sites dos fabricantes Playmove www.playmove.com.br/ e Positivo Informática https://www.positivoteceduc.com.br/
Fonte: Juliana Alves (2018)
Todas as mesas interativas apresentam softwares voltados para a educação infantil e séries iniciais, com propostas de atividades revestidas de caráter lúdico com jogos. Além disso, trazem atividades interativas com o uso de multimídia, algumas atividades “jogos” apresentam a realidade aumentada, ferramentas de autoria e materiais manipuláveis.
Soares e Amorim (2016) trazem a experiência com a mesa Playtable em escolas públicas nos primeiros anos do fundamental e Magalhaes et al. (2016) cita a Mesa Mundo das Descobertas-MDD como ferramenta com potencialidade para o uso na educação infantil no Recife-PE.
Paiva (2012) aborda a Mesa TOQ em uma experiência de intervenção em sala de aula onde identifica perfis colaborativos de alunos para a formação de grupos que possam ser facilitadores nas relações de aprendizagem.
Martins (2015) explora a Mesa E-Blocks Matemática como uma proposta que pode contribuir na aprendizagem em sala de aula.
A Mesa Educacional Alfabeto é mencionada na maioria dos trabalhos encontrados, para esse recorte vamos ilustrar com Nascimento (2015) relatando a experiência em proposta de letramento e alfabetização na educação infantil. Em Santos et al. (2016) que cita uma proposta de produção de texto com alternância de atividades do software.
Diante de tal fenômeno, torna-se importante saber o que as pesquisas indicam sobre o uso desta tecnologia em sala de aula, não somente em seu caráter tecnológico, mas, principalmente em seu aspecto lúdico, colaborativo, nas relações de letramento contemplando relações no universo do ensino e da aprendizagem em espaços educativos. Este trabalho traz algumas respostas nesta direção.
2 | METODOLOGIA
Utilizamos na busca de dados na relação metodológica da revisão de literatura, palavras como: “mesa alfabeto e aprendizagem”, “mesas educacionais interativas” no banco de dados de repositórios institucionais acadêmicos e anais de eventos educacionais que foram escolhidos por conter trabalhos atualizados podendo ser acessados com poucos filtros dando um resultado mais objetivo a nossa pesquisa. Os repositórios institucionais acessados foram: LUME Digital- Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP, Escola Superior de Educação Paula Frassinetti-ESEPF, Universidade Federal do Paraná-UFPR, Universidade Estadual do Ceará-UECE Universidade Federal Tecnológica do Paraná-UTPF; Mais revistas científicas como: Saber e Educar, Realize e Hipertextus. Além de outros canais de acesso: Portal de Informação em Acesso Aberto-PIAA da Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR e TEDE-biblioteca-UFPB; Anais de eventos: Simpósio de Educação e Comunicação-SIMEDUC, Congresso Norte Nordeste de Pesquisas e Inovação-CONNEPI, Congresso Nacional de Educação-EDUCERE e Congresso sobre Tecnologias na Educação-Control+E. Organizamos alguns recortes dos resultados para análise nas seguintes categorias: contexto, estratégias e desafios para o uso de mesas interativas educacionais.
3 | ANÁLISE DE RESULTADOS
Apresentaremos abaixo os resultados deste estudo, organizados a partir das categorias de análise começando por:
a. Contextos onde foram utilizadas mesas educacionais interativas
A maior parte da literatura encontrada cita o uso da ferramenta no contexto escolar na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental I, sendo 16 de um conjunto de 20 trabalhos encontrados. Percebemos também ocorrências do uso para a aprendizagem de alunos especiais e um trabalho da ação pedagógica com as mesas educacionais no hospital.
Magalhães et al. (2016) abordou o uso da Mesa Mundo das Descobertas-MDD no município de Recife-PE, utilizada nas relações de aprendizagem na Educação Infantil apontando as atividades que contemplam eixos abordados pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil-RECINEI.
Em Soares e Amorim (2016) é relatado um projeto com mesas da Playtable implantadas em unidades educacionais da educação infantil e séries iniciais de Mossoró-RN.
Na Educação Especial alunos com dificuldades motoras, físicas, cognitivas, surdos, cegos desenvolvem mais possibilidades de interação com o uso de recursos tecnológicos. Os estudos de Lopes e Cruz (2010) relatam uma vivência com uma criança portadora da Trissomia 21, apresentando várias limitações dentre elas limitações motoras e físicas. E o uso da mesa educacional interativa, possibilitou a comunicação nas atividades do software com a manipulação de blocos no hardware.
O espaço hospitalar foi citado por Canalli (2011) que aborda a ação do pedagogo com crianças enfermas que saem das suas cidades, ficam internas e perdem contato com a escola. Foram realizadas entrevistas e observações acompanhando a formação e a ação docente, com o uso de mesas educacionais interativas em ambiente hospitalar.
Além da compreensão desses contextos em escolas que oferecem os níveis da educação: infantil e fundamental I. Percebemos as mesas interativas na modalidade da educação especial e o apontamento de atividade educativa em ambiente não escolar sendo em um hospital. Esses cenários onde acontecem essas práticas estão imersas de estratégias usadas em propostas de letramento que serão apontadas a seguir.
b. Estratégias desenvolvidas com as ferramentas
As ações desenvolvidas com as mesas interativas nos espaços educativos são apontadas com o uso de estratégias como: na utilização de parte ou de toda turma nas atividades com a ferramenta. Além da inclusão de relação lúdica em sequência didática com personagem do software. Assim, serão expostos alguns recortes para explanar a temática.
Santos, K. et al. (2016), aborda a dinâmica de uma sequência didática que utilizou toda a turma no momento de desenvolver atividades com as mesas e foi dada a continuidade na criação de relações conceituais e práticas na produção textual em sala de aula. Com a contextualização lúdica utilizando um personagem que aparece no software da mesa alfabeto “O Patrulheiro das Galáxias-PG” em uma turma de crianças do 2º ano com alunos de idades entre 6 a 8 anos. Algo que chama a atenção nesse trabalho é um relato da tia de uma aluna que indicou nos momentos fora da sala de aula, a aluna desenvolve uma vontade de produzir cartas para o personagem do software.
O estudo de Nascimento (2015) abordou a utilização das mesas com grupos alternados de alunos na educação infantil, constatando que as crianças que usaram a ferramenta obtiveram ganho significativo nas relações de alfabetização e letramento.
Refletir sobre as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos docentes como recurso tecnológico possibilita desenvolver elementos para a compreensão didática das possibilidades com a utilização das mesas interativas em espaços educativos. Em cada cenário encontrado são percebidas formas diferentes de inserção das mesas, criando desafios a serem superados com essas ferramentas que irão ser detalhados mais adiante.
c. Desafios citados nas trajetórias de utilização dos artefatos digitais
A formação docente foi apontada como um desafio em alguns estudos com as mesas educacionais interativas. As abordagens apontam: o estilo de formação, motivação, o tempo e participação dos docentes nesses momentos.
Em Rosa (2011) que fala nos resultados de análise que no universo de 10 docentes, apenas 6 participaram do curso de capacitação para usar as mesas, com carga horária de 20hs. Diante disso, podemos pressupor que o estilo das formações proporcionadas não chamou atenção dos docentes, que não exibiram motivação para frequentar o momento de aprendizagem.
Lacerda (2017) questiona o estilo da formação de docentes para o uso das Mesas Educacionais Interativas caracterizando uma perspectiva de “treinamento” (o uso da máquina). Essa orientação desenvolvida sem a criação de estratégias nas relações contextuais que incluam (espaço da sala, quantidade alunos, número de máquinas, conteúdo abordado, sugestões de sequências didáticas especificas para o perfil da turma de cada professor) são questões frágeis apontada nas orientações dadas ao professor nos momentos de formação tecnológica.
Eliane Oliveira (2015) e Santos K. et al.(2016) relatam municípios que receberam a orientação pedagógica e o acompanhamento de um monitor pedagógico. Indicando proposta de ação para formação continuada agindo em parceria com o professor na escola.
Porém, observamos que os formatos relatados para a formação docente nestes estudos precisam ainda desenvolver ações que tragam alternativas de planos de aulas para contextos diferenciados, como também desenvolver a motivação do professor para dialogar com as propostas de formação ainda são questões a serem exploradas que podem auxiliar na construção do pensar docente com o uso de ferramentas tecnológicas no caso apontado pelos estudos o uso das mesas educacionais interativas.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar em aprendizagem com o uso da tecnologia e em especial com Mesas Educacionais Interativas é refletir sobre a inserção de dispositivos inovadores em espaços carregados de simbologias físicas e conceituais da educação tradicional. Então “os elementos novos” entram em contradição com as estruturas e conceitos antigos. Percebemos isso nos trabalhos referentes à formação docente apresentados aqui. Pois, práticas educacionais colaborativas inovadoras necessitam de elementos que proporcionem a fluidez comunicativa como estratégias que contemplem ações flexíveis que se relacionem com uma compreensão ampliada sobre possibilidades colaborativas que esbarram no cenário físico e no enraizamento das práticas educacionais tradicionais.
O direcionamento de ações que usam ferramentas digitais aumentam a reflexão e o aprimoramento dos cenários educativos em consequência de “choques” de práticas que são tradicionais ou inovadoras se tornam fundamentais para a requalificação da escola brasileira. Entretanto, ainda existem poucas estratégias de uso das mesas interativas e muitos desafios a serem vencidos.
REFERÊNCIAS
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