Capítulo 31

IDIOMAS SEM FRONTEIRAS: BREVE OLHAR SOBRE O MÓDULO I DO CURSO DE ESPANHOL EM UM CÂMPUS DO INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA Elita de Medeiros DOI 10.22533/at.ed.75319180431

RESUMO | ABSTRACT

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo conhecer a impressão dos alunos acerca do curso de Espanhol - Programa Idiomas sem Fronteiras – IsF oferecido em um câmpus do IFSC, bem como conhecer os índices de evasão e reprovação no referido curso. A pesquisa foi caracterizada como mista, pois apresenta aspectos de bibliográfica e documental; também quali-quantitativa, além de ser exploratória. A coleta de dados utilizou questionário semiestruturado para conhecer a impressão dos alunos, e o levantamento acerca da evasão e reprovação foi coletado em documentos disponíveis na Plataforma Moodle. Os resultados apontaram que houve alunos matriculados que nunca acessaram o sistema; o índice de evasão alcançou metade dos matriculados, e de reprovação alcançou 25%. Entre as impressões dos alunos, 80% já haviam realizado um curso a distância; 80% classificaram como uma experiência satisfatória de aprendizagem; e 70% considerou que aprendeu muito. Entre as dificuldades destacam-se o uso do Moodle, insatisfação por não receber todo o material impresso e DVD e inconsistências nas atividades da Plataforma. Como sugestões de melhorias foram pontuadas aulas de conversação, mesmo webconferências; entrega do material físico de apoio e maior cuidado com inconsistências na Plataforma Moodle. Conclui-se que a experiência foi bemsucedida e alcançou seus objetivos de ensino.

ABSTRACT: This work had as aim to know the students impressions on the Spanish course – Languages without borders (Programa Idiomas sem Fronteiras – IsF in Portuguese acronym) offered in a campus of IFSC, as well as knowing the evasion and failure indexes in the mentioned course. The research was characterized as bibliographic and documental; also qualiquantitative, further exploratory one. Data collection used semi structured questionnaire to know the students impressions and the survey on the evasion and failure was collected in documents available on the Moodle Platform. The results pointed there were students enrolled who never accessed the system; evasion index achieved half students, and failure one reached 25%. Among the students’ impressions, 80% already have attended a distance learning course and 70% considered that learned a lot. Among difficulties we highlight the Moodle usage, non-satisfaction because they did not receive all the printed material and the DVD and inconsistencies on the activities in the Platform. As improvement suggestions, class conversations were pointed, even as web conferences, delivering all the support physical material and higher care on inconsistencies in the Moodle Platform. We concluded that the experience was successful and reached its teaching goals.

 

1 | INTRODUÇÃO

O Programa Idiomas sem Fronteiras, que ocorre em todo o país, foi criado para possibilitar acesso a universidades de países onde as aulas acontecem em outros idiomas, para alunos interessados nos programas de mobilidade estudantil. Também se destina a atender à comunidade universitária que recebe alunos estrangeiros e, por esta razão, oferta cursos presenciais, a distância e testes de proficiência (BRASIL, 2016).

Nos campi do Instituto Federal de Santa Catarina são oferecidas as línguas inglesa e espanhola na modalidade a distância, dentro do programa.

[A] Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998, apud HACK, 2011, p. 14).

Como a oferta de ensino de línguas na modalidade a distância é relativamente nova, como o próprio ensino a distância o é, considerando a modalidade presencial, e esta é a primeira turma no curso de Espanhol do câmpus estudado, no sul de Santa Catarina, este trabalho justifica-se por contribuir com uma breve análise da experiência que o Módulo I proporcionou.

Para tanto, é necessário subsídio teórico para refletir acerca da Educação a Distância – EaD.

Peters (2001) pontua que os estudantes que reconhecem suas necessidades de estudo são autônomos. Eles conduzem e avaliam seu processo de aprendizagem. Para Belloni (2001), o estudante não é um produto, ou um objeto, na aprendizagem autônoma: é um sujeito ativo que realiza sua própria aprendizagem. A autora ainda esclarece que muitos discentes não se tornam aprendizes autônomos, realizando aprendizagem passiva por acreditar que, ao se tratar de EaD, a evolução nos estudos não necessitará esforço e dedicação.

Neste trabalho propôs-se investigar: (i) o índice de evasão dos alunos, relacionando o número de matriculados no IsF no primeiro semestre de 2016, e o número daqueles que realizaram a última avaliação do módulo I do curso em um câmpus do IFSC no Sul de Santa Catarina; (ii) o índice de reprovação; e a (iii) a impressão dos alunos acerca da experiência, utilizando questionário com perguntas abertas e fechadas, além dos dados disponíveis na Plataforma Moodle, utilizada para o ensino do idioma espanhol.

Este artigo está estruturado em quatro partes. A primeira delas é esta introdução. A segunda seção discorre sobre a metodologia adotada e a coleta de dados realizada. Na terceira seção estão dispostos os resultados alcançados e as discussões acerca deles. A quarta e última seção configura as considerações finais acerca da pesquisa, seguida pela lista das referências utilizadas.

2 | METODOLOGIA

Esta pesquisa é mista, pois se caracteriza como levantamento, de acordo com os métodos empregados, e também bibliográfica e documental. Caracterizamos como levantamento em razão do questionário enviado aos alunos, pois foi realizada uma “interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 2010, p. 35). O questionário permite estudo comparativo e modelagem estatística (BAUER; GASKELL; ALLUM, 2010), mesmo que não se trate de uma pesquisa exclusivamente quantitativa.

Ainda é importante mencionar Bell (2010, p. 140, tradução minha), que é bastante clara quanto aos questionários: “você somente alcançará o estágio de desenvolver o questionário depois que tiver realizado o trabalho preliminar de planejamento, pesquisado e decidido exatamente o que você precisa saber”. Portanto, foram definidas as impressões que se gostaria de saber e determinou-se a estrutura do questionário com cinco perguntas: três delas fechadas, que forneceram dados estatísticos; e duas abertas, que possibilitaram que os alunos expressassem livremente suas opiniões.

Também é documental, pois parte dos dados foi coletada no sistema Moodle do curso e, de acordo com Gil (2010), há pesquisas que são consideradas ora bibliográficas, ora documentais. A pesquisa documental se vale de todo tipo de documentos, por que recolhe dados brutos, sem interpretação oficial (COOPER; SCHINDLER, 2001), configurados nos questionários aplicados. É bibliográfica em razão da fundamentação teórica (GIL, 2010), e porque este tipo de pesquisa “opera a partir do material já elaborado” (RAUEN, 1999, p. 28).

Segundo os objetivos, esta é uma pesquisa exploratória, pois visa a proporcionar maior familiaridade com o tema, buscando torná-lo mais explícito (GIL, 2010). Com base em Bauer e Gaskell (2010, p. 23, grifos dos autores), é possível afirmar que esta pesquisa é quali-quantitativa, pois “está centrada ao redor [sic] do levantamento de dados (survey) e de questionários”, ambos procedimentos utilizados neste trabalho. Contudo, o aspecto qualitativo vem das impressões dos alunos que, embora embasado em dados percentuais e, portanto, quantitativos, refere-se às suas impressões e, consequentemente, também é qualitativo.

O objetivo geral deste trabalho foi conhecer as impressões dos alunos matriculados no Programa IsF, no curso de Espanhol do IFSC – em um câmpus do sul de Santa Catarina, os quais realizaram a avaliação final, última etapa do curso. Para alcançar este objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram traçados: realizar pesquisa sobre as impressões que os alunos tiveram sobre o curso, respondendo questionário semiestruturado, encaminhado via Google Docs, pois, desta forma, o anonimato dos alunos se mantém; verificar o índice de reprovação do curso, com base nos dados disponíveis no Moodle; averiguar o índice de evasão do curso.

Não foram pesquisadas as razões que levaram os alunos à evasão, ficando este aspecto como sugestão para trabalhos futuros.

2.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Os primeiros dados levantados ocorreram por meio do questionário enviado aos quinze alunos que realizaram a avaliação final. Enviado por e-mail através do Google Docs, foram utilizadas apenas cinco questões, três delas de múltipla escolha e duas discursivas. Este procedimento visava à obtenção de informações sobre a impressão dos alunos a respeito do curso.

Em seguida foi buscado, no Moodle, o número de alunos inscritos e o número dos que realizaram a prova, podendo, desta forma, calcular o índice de evasão do curso. Em seguida foi verificado o índice de reprovação, com base no resultado final da avaliação de recuperação.

Após a coleta de dados foi procedida sua compilação e análise, conforme discutido no próximo item.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra foi composta, inicialmente, por quinze alunos que frequentaram o curso, dos 30 matriculados. Dentre o total de matriculados, quinze se evadiram, correspondendo a 50%, portanto, metade dos alunos. Dos quinze participantes do curso e que realizaram a prova final – última avaliação e última etapa do curso, aos quais foi enviado o questionário, 10 responderam, totalizando 66,66%.

As três primeiras perguntas do questionário eram fechadas. A primeira delas questionou se o aluno já havia realizado um curso a distância, e 80% dos respondentes afirmaram que sim. A questão seguinte inquiriu como o aluno classificou a experiência de aprendizagem no primeiro módulo. Entre as opções de resposta para esta questão fechada estavam satisfatória ou insatisfatória. Dos respondentes, 80% afirmaram que a experiência foi satisfatória. A terceira questão inquiriu sobre a aprendizagem, e as opções de resposta foram que o aluno considerou que aprendeu muito, pouco, ou quase nada. Dos respondentes, 70% considerou que aprendeu muito, 30% considerou que aprendeu pouco, e não houve respondentes que optaram por quase nada.

As duas últimas questões eram abertas, e a quarta pediu aos alunos que relacionassem suas dificuldades durante o primeiro módulo do curso. Entre as respostas que os alunos listaram, podemos verificar as seguintes transcrições:

O uso do sistema moodle;

[...]

Algumas atividades com as respostas diferentes do que a questão pedia [...] e a falta dos livros impressos para poder estudar a qualquer hora;

[...]

[...] estudar mais, pesquisar mais e parar de reclamar e dizer que não teve tempo. Tive as melhores opções, mas poderia ter sido mais incisivo;

[...]

Minhas dificuldades foram na fala. Ainda há muito o que aprender.

[...]

Datas erradas para entrega das atividades, e a grande quantidade de erros no conteúdo online inclusive nas avaliações.

[...]

Informações desencontradas no site e erros na apostila e no sistema moodle.

[...]

Atividades e exercícios confusos;

[...]

Saber de quais regiões eram certas palavras; problemas com comunicação (ajuda); problemas com o acesso de atividades.

[...]

Pouco tempo para estudar.

As dificuldades no uso da Plataforma Moodle foram relatadas pelo contingente de alunos que ainda não havia realizado algum curso a distância. Embora a Plataforma seja largamente utilizada, principalmente por Universidades e Institutos Federais, o primeiro contato com o sistema pode ser difícil para alguns alunos. Entretanto, como a utilização de qualquer sistema, precisa de prática e dedicação, o que se pode inferir que não houve por parte de alguns alunos, ao afirmarem que tinham pouco tempo para estudar. Além disso, percebeu-se que a maioria dos alunos tinha pouco tempo de acesso nos registros da Plataforma Moodle, o que realmente impede que as dificuldades sejam sanadas pelo uso. Como este aspecto não fazia parte dos objetivos relacionados no início do desenvolvimento da pesquisa, não foi dado tratamento estatístico.

A menção de “algumas atividades com as respostas diferentes do que a questão pedia [...]”, “grande quantidade de erros no conteúdo online inclusive nas avaliações” e “Informações desencontradas no site e erros na apostila e no sistema moodle”, além de “Atividades e exercícios confusos” referiam-se a inconsistências nas atividades. Estes problemas foram sanados na medida em que o curso ocorria e, em razão de ser oferecido para todos os polos ao mesmo tempo e demandar intervenção do sistema central da instituição, tomou alguns dias até que fosse devidamente resolvido. Estas respostas dos alunos corroboram o que afirma Belloni (2001), quando aponta que o aluno é um sujeito ativo; e a afirmação de Peters (2001), ao pontuar que os alunos são autônomos.

Ao mencionarem “pouco tempo para estudar” e “estudar mais, pesquisar mais e parar de reclamar e dizer que não teve tempo”, e que as melhores opções foram ofertadas, mas poderia[m] ter sido mais incisivo[s]”, e que “há muito o que aprender”, os alunos demonstram relacionar com problemas para conciliar o estudo às atividades pessoais, e reconhecem a necessidade de mais dedicação. Assim, novamente é possível ancorar-nos nas afirmações de Peters (2001), quando o autor pontua que eles reconhecem suas necessidades de estudo e conduzem e avaliam seu processo de aprendizagem

A questão final pediu sugestões para melhorar o curso. Apenas cinco dos respondentes preencheram esta questão, e as sugestões seguem transcritas abaixo:

Ter aulas de conversação. Inclusive uma online com vídeos tipo webconferência.

[...]

Entrega dos materiais no prazo correto e material online correto para que não confunda quem estiver aprendendo.

[...]

Melhoria no sistema moodle.

[...]

Revisão para resolver os exercícios e atividades

[...]

Representar o sotaque de cada região; ter mais conversação.

Estas sugestões refletem a avaliação que os alunos fizeram não apenas do curso, mas das próprias necessidades de aprendizagem. A particularidade de ser uma língua estrangeira apontou para exercícios de conversação, que eram realizados apenas nos encontros presenciais. Embora houvesse a possibilidade de os alunos estudarem em laboratório disponibilizado pelo curso durante um período por semana, com tutor presencial disponível, apenas dois dos quinze alunos eram assíduos. Estes tiravam suas dúvidas com a tutora e pediam auxílio no uso da Plataforma e para a compreensão dos exercícios propostos. Por se tratar de um curso a distância, a maioria dos alunos não frequentava assiduamente o polo, apenas durante as atividades obrigatórias. Por esta razão houve a sugestão de aulas de conversação por web conferências.

A entrega do material, mencionada pelos alunos, que não ocorreu nos prazos previstos e, inclusive, a segunda e terceira partes do material impresso nunca chegaram a ser produzidas, foi reflexo do corte de verbas federais que ocorreu no período em que o curso estava em andamento.

As respostas do questionário permitem inferir que o curso atingiu o objetivo pedagógico, pois 4/5 (quatro quintos) dos alunos afirmaram que este não foi o primeiro curso a distância que realizaram, mas este mesmo quantitativo qualificou a experiência como satisfatória.

O fato de 30% dos alunos terem afirmado que aprenderam pouco pode ser considerado uma particularidade, já que havia alunos nativos de língua espanhola na turma, e discentes com experiência e nível de espanhol mais alto que o oferecido pelo curso. Também era o único nível oferecido no polo e não havia nivelamento ou opção para cursar outros níveis. Assim, estes alunos poderiam realmente ter aprendido mais, considerando seu ponto de partida de aprendizado estar além dos outros 70%.

Com relação às dificuldades enfrentadas pelos alunos, problemas com o sistema Moodle realmente existiram, como modificação de datas e desconfiguração de atividades, como foi constatado durante as aulas presenciais e nas aulas em que a tutora presencial esteve à disposição dos alunos.

Atividades com respostas diferentes do que se considera correto também foram constatadas, e os fatos foram informados para a tutora a distância, para que chegasse a outras instâncias e as providências fossem tomadas. Estes fatos também foram comentados em fórum dos tutores, com o mesmo objetivo.

Os próprios alunos reconheceram que sua dedicação esteve aquém do necessário, que os maiores problemas são na fala e que ainda há um caminho a percorrer.

Também ficou claro que gostariam de utilizar o material impresso, pois receberam apenas o primeiro dos três livros. Também se percebeu que o tempo de uso de um computador com conexão à internet não ocorre com tanta facilidade, por parte dos alunos. Estes dados ficam disponibilizados pelo sistema Moodle, e podem ser acessados pela equipe de ensino, composta por tutores, professores e coordenadores.

Os problemas com a comunicação podem ter ocorrido por questões de adaptação, já que nem todos utilizaram todos os recursos oferecidos pelo Moodle, e também deixaram de realizar parte das atividades.

O que se percebe, entre as sugestões para melhorias no curso, é uma subutilização dos recursos. Havia uma tutora presencial à disposição dos alunos, mas poucos deles aproveitavam sua presença e o espaço no câmpus. Das cinco sugestões, três já estavam à disposição dos alunos. As melhorias no Moodle a que os respondentes se referiram podem ser entendidas como os problemas considerados técnicos ocorridos no primeiro módulo, como a configuração de respostas inadequadas; já a entrega de material impresso depende de recursos federais.

Quanto ao índice de evasão, este chegou a 50% dos matriculados, o que configura metade da turma esperada. Destes alunos, 30% formalizaram suas matrículas, mas nunca acessaram o sistema. As razões para evasão não foram pesquisadas em função da dificuldade de contato com os alunos, mas é um fator de extrema importância para a Educação a Distância. Ao considerar os investimentos escassos na Educação como um todo em nosso país, o fato de haver um curso disponível, em andamento, do qual metade dos matriculados se evade e não há possibilidade de preencher estas vagas configura pouco aproveitamento dos recursos disponíveis, tão preciosos em todos os períodos, mas principalmente em tempos de recessão econômica.

Quanto ao índice de reprovação, este atingiu 25%, considerado bastante alto em nossa avaliação, correspondendo a ¼ (um quarto) dos alunos. Contudo, um olhar mais aprofundado revela que os alunos que não atingiram a média mínima conseguem se comunicar verbalmente, dentro do esperado para o nível de ensino cursado, mas as avaliações tinham maior peso na parte escrita. Este dado corrobora a própria impressão dos alunos, de que faltou dedicação e estudo, apresentada nas respostas transcritas.

Contudo, consideramos que o módulo I atingiu seus objetivos, dentro das especificidades apresentadas pelos alunos, já que 75% daqueles que realizaram a prova, independentemente de sua assiduidade nas atividades, conseguiram atingir a média mínima esperada para aprovação.

4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o desenvolvimento da pesquisa para este trabalho buscou-se, como objetivo geral, conhecer a impressão de alunos de uma turma do Curso de Espanhol do Programa Idiomas sem Fronteiras, ofertada em um câmpus do Instituto Federal de Santa Catarina, no sul do Estado. Além disso, também se procurou definir os índices de evasão e reprovação do referido curso.

A pesquisa teve características mista, por ser bibliográfica e documental; além de ser exploratória e quali-quantitativa (RAUEN, 1999; COOPER; SCHINDLER, 2001; BAUER; GASKELL, 2010; GIL, 2010).

Os dados referentes às impressões dos alunos foram coletados por meio de questionário semiestruturado, que contou com cinco perguntas: três delas eram fechadas e duas abertas. Além disso, os índices de evasão e reprovação foram levantados através da Plataforma Moodle, sistema utilizado para o ensino e gerenciamento da turma.

Dos dados levantados, observou-se que 30% dos alunos matriculados nunca acessaram o sistema, e a evasão atingiu o índice de 50%; portanto, metade da turma. Não foram pesquisadas as razões que levaram os alunos à desistência, ficando como sugestão para trabalhos futuros, dada a importância do aproveitamento dos recursos destinados a estas vagas, que ficaram ociosas durante o curso.

O índice de reprovação atingiu 25%, considerado bastante alto em nossa leitura, visto que corresponde a ¼ (um quarto) dos alunos que frequentaram as aulas. Entretanto, ao analisar as impressões dos alunos por meio das respostas do questionário, ficou evidente o reconhecimento de que faltou dedicação e estudos por parte deles. Voltando às questões fechadas, que ofereceram subsídio quantitativo, foi percebido que 80% deles já haviam realizado curso a distância; o mesmo índice considerou a experiência satisfatória, e 70% considerou que aprendeu muito.

Nas questões abertas, ao relacionar as dificuldades, mereceram destaque aquelas relacionadas com o uso da Plataforma Moodle, insatisfação por não receber todo o material impresso e DVD, e inconsistências nas atividades propostas. As dificuldades encontradas foram atribuídas ao pouco contato com a Plataforma, em número e tempo de acesso, corroborando a afirmação dos próprios alunos, de terem pouco tempo para estudar.

É importante destacar as considerações de Belloni (2001), ao afirmar que muitos alunos realizam aprendizagem passiva por acreditar que a evolução dos estudos não necessitará de esforço e dedicação, por se tratar de EaD.

A última questão pedia sugestões de melhorias, e os alunos listaram a necessidade de aulas de conversação, mesmo por webconferências; entrega do material físico de apoio e, ainda, maior cuidado com inconsistências presentes na Plataforma Moodle; também revisão para resolver exercícios e atividades, e mais conversação, pontuando variações linguísticas entre os países de língua espanhola. Destas sugestões, algumas já poderiam ter sido bem mais utilizadas pelos alunos, pois uma tutora presencial esteve à disposição no câmpus um período por semana, durante todo o curso, e apenas dois dos quinze alunos eram assíduos. Ao visitar o câmpus, os alunos tinham acesso à conversação com a tutora, podendo verificar as variações linguísticas, além de revisar o conteúdo para resolver exercícios e atividades. Portanto, por se tratar de curso a distância, a maioria dos alunos visitava o câmpus apenas durante as atividades obrigatórias, subutilizando recursos disponíveis.

As inconsistências na Plataforma foram resolvidas no decorrer do curso, e não imediatamente, como alguns alunos supunham. Apenas a questão do material de apoio não pode ser resolvida, pois depende da liberação de recursos federais. Contudo, é importante destacar que todo o material que correspondia aos livros físicos e ao DVD estavam disponíveis na Plataforma Moodle, o que permite inferir a existência de certa preferência dos alunos pelos livros e DVD, ao invés da tela do computador e dos arquivos de áudio.

Conclui-se que a experiência foi bem sucedida e também alcançou seus objetivos de ensino, visto apresentar aprovação de 75% dos alunos; 70% dos respondentes da pesquisa considerarem que aprenderam muito; e 80% deles classificarem a experiência como satisfatória.

Este trabalho também alcançou seus objetivos na íntegra, ao perceber a impressão geral dos alunos, traçar os índices de evasão e de reprovação, conforme proposto no início da pesquisa. Espera-se, ainda, que a pesquisa possa ser continuada por meio de outros trabalhos que visem a conhecer as razões que levam os alunos matriculados a desistirem do curso, aproveitando melhor os parcos recursos investidos na Educação, principalmente a Distância.

REFERÊNCIAS

BAUER; Martin W.; GASKELL, George; ALLUM, Nicholas C. Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento. In: BAUER; Martin W.; GASKELL, George. [org]. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2010.

BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2010.

BELL, Judith. Doing your research Project. England: McGraw Hill – Open University Press, 2010.

BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 2. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC. ldiomas sem fronteiras. Disponível em: <http://isf.mec.gov.br/>. Acesso em 11 jul. 2016.

COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela S. Método de Pesquisa em Administração. 7ª Porto Alegre, Rs: Bookman, 2001.

HACK, Josias R. Introdução à Educação a Distância. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011.

PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: UNISINOS, 2001.

RAUEN, Fábio J. Elementos de iniciação à pesquisa. Rio do Sul: Nova Era, 1999.